quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Sobre a situação do futebol feminino





O diretor do Santos, Luis Álvaro, anunciou o fim do time de futsal e do time feminino de futebol de campo na última terça feira (03/01/2012), alegando os altos gastos que as modalidades gerariam ao clube, já que só o pagamento do jogador Falcão – eleito o melhor do mundo – já gerava gastos excessivos, e o futebol feminino não conseguia patrocínio por sua falta de visibilidade, fazendo o clube gastar muito do próprio bolso. A partir de agora as Sereias da Vila – como ficaram conhecidas – precisam achar um outro mar para nadar... Mas como?
Apesar de nos últimos anos o futebol feminino ter saído um pouco do anonimato quase completo, a batalha das meninas do futebol estava apenas começando. Além da precariedade administrativa e baixos salários, as meninas ainda tinham – e continuam tendo – um fantasma de mal desempenho em jogos decisivos. Mas, como esperar mais?! Nunca ouvi dizer que falta de apoio gera resultado. E se levarmos isso em consideração, o futebol feminino brasileiro conseguiu fazer coisas surreais nos últimos anos, se mostrando superior a muitos times estrangeiros que possuem uma realidade muito diferente. É vergonhoso que o “país do futebol” despreze suas jogadoras da forma que faz. E mais vergonhoso ainda é ver que, de fato, o povo mal se importa com isso! Se ganhar... Que legal! Se perder... Ah, deixa, o que importa é o masculino mesmo! Isso só mostra o quanto nosso país têm crescido financeiramente, e estacionado mentalmente.


Para se ter ideia das dificuldades de uma jogadora de futebol, aqui vão alguns dados:

Uma jogadora de futebol ganha em média 1,5 mil reais, enquanto um jogador ganha uma média de R$ 22, 7. Essas são as médias, nem vou citar o salário de jogadores como Neymar, por exemplo. Já o investimento que a FIFA envia à CBF para o futebol feminino é de 1 milhão de dólares, enquanto que só os patrocinadores da seleção masculina desembolsam uma média de 26 milhões. A desigualdade é absurda!

Primeiro, eu sou o tipo de pessoa chata que já acha um absurdo o simples fato de um jogador ganhar mais do que médicos ou professores... É só parar pra pensar: Médicos salvam vidas, professores formam vidas e jogadores são “peças” usadas para entretenimento e moeda de troca de interesses econômicos. Se o mundo fosse perfeito todo o dinheiro destinado ao salário de jogadores mataria a fome de muita gente!




Mas o mundo não é perfeito. Então vamos voltar à desigualdade salarial.


Em pleno século XXI, a desigualdade salarial entre homens e mulheres, independente da área de atuação, já deveria ter se tornado minimamente semelhante. E já que vivemos em um ciclo sem fim de interesses econômicos, qual a dificuldade de enxergar a seleção feminina como uma “moeda de troca” futura tão eficiente quanto a seleção masculina? Tudo é uma questão de investir no “capital”, já que investir no ser humano sem ter grandes interesses não é um motivo válido o bastante, não é mesmo?
Outro fator extremamente contraditório e que enfatiza bem a visão de que evoluímos financeiramente e estacionamos mentalmente, é que o Brasil será a sede dos dois eventos esportivos mais importantes do mundo: A Copa do Mundo e as Olimpíadas. Alguém pode me explicar como que o país sede das Olimpíadas não investe em esporte?! Será que sempre seremos exportadores para que os melhores atletas do mundo representem clubes que não são os nossos, torcidas que não são nossas e países que não são o nosso? O que é feito com as meninas do futebol é o exemplo nítido de que o Brasil tem sim uma forte cultura futebolesca, mas está extremamente longe de ter uma cultura esportiva. Praticamente toda a seleção feminina jogava no Santos... Agora essas mulheres estão sem emprego, sentindo o gosto amargo de mais uma derrota profissional e tendo que se virar com outras coisas. Essas mulheres, diferente de muitos jogadores, jogam futebol por amor e não por dinheiro. Reconhecimento era o mínimo que elas mereciam. E depois, em 2016, e só em 2016, vai ter gente torcendo pra que elas ganhem uma olimpíada... Acho que estão levando aquela de “brasileiro não desiste nunca” muito a sério. Aliás, em 2016 também haverão redes de tv falando sobre o quanto se importam com o futebol feminino... Se juntem e banquem um patrocínio, então!

Competência e bom futebol a nossa seleção tem, mas ninguém sobrevive só de competência.












E é isso aí, não vou me alongar mais. Estou indignada e ponto. Concorda? Discorda? Quer mandar eu calar a boca e voltar pro fogão? Comenta aí!

Inté!

Um comentário:

  1. Tu ta certa nisso ae, chega a um ponto de falta de respeito... pois o futebol eh BRASILEIRO, Feminino ou Masculino, o que representa é o País.

    ResponderExcluir