sexta-feira, 5 de março de 2010

O carnaval...


Um dos sinônimos do carnaval é o samba, e contra esse eu sinceramente não tenho nenhum argumento negativo, acredito que a música pode ser expressada de diversas formas diferentes e, independente do seu gosto musical, todas as formas de expressão devem ser respeitadas ou, no mínimo, toleradas.
Porém, um outro sinônimo do carnaval são as belas mulheres com samba no pé, e aí sim eu possuo todos os argumentos negativos relacionados a tal exibição da imagem feminina. Sou mulher e não me considero feminista, mas até que ponto chega a futilidade de um povo? E até que ponto toda essa futilidade é chamada de “cultura”?
Se pesquisarmos sobre as primeiras comemorações do carnaval, veremos que realmente era uma festa verdadeiramente popular e cultural, com as famosas marchinhas, fantasias e blocos que saiam literalmente fazendo a festa pelas ruas da respectiva cidade onde estava ocorrendo a comemoração. Mas, com o passar dos anos, essas comemorações foram se tornando não apenas populares, mas vulgares. Sim, ainda existem os blocos tradicionais, mas eles só acontecem em cidades consideradas pequenas, ou em cidades que possuem uma característica antiga e “folclórica”. Algo muito diferente do que vemos, principalmente, no eixo Rio – São Paulo. Nas duas grandes cidades brasileiras – uma valorizada por suas belas paisagens e a outra por sua forte economia – o carnaval acabou se tornando uma festa não apenas feita de fantasias e samba, mas também uma festa onde o principal foco é a valorização comercial do corpo da mulher como modelo sexual. Valorização? Seria esse o termo certo? Cada vez mais vivemos em um mundo superficial. Quantas vezes não vemos notícias de garotas que morrem ou sofrem as consequências de doenças como a anorexia? Isso é uma característica psicológica da própria garota? Sim, é. Mas, não podemos esquecer do alto grau de influência que a mídia exerce sobre cada um de nós. E o que vemos em fevereiro? Ah, sim! Mulheres lutando contra o tempo para estarem com o “corpo perfeito” na passarela. Até onde a mulher será exaltada pelo seu corpo e “atributos naturais”? É claro que atualmente as mulheres não sofrem mais a submissão que sofriam antigamente pelos homens, e com a quebra dessa submissão, além de um lugar na sociedade, a mulher ganhou liberdade de fazer o que bem entende com o seu corpo. Mas, usar o seu corpo como um símbolo muitas vezes vulgar é a liberdade que milhares de mulheres lutaram para ter? Foi por esse tipo de liberdade que as mulheres lutaram com o passar dos séculos? Até que ponto essa “liberdade” não nos traz justamente de volta aos tempos antigos, onde a mulher só era valorizada pelo seu corpo e “utilidades” domésticas, sendo deixada de lado toda a sua capacidade intelectual? É óbvio que as mulheres que dançam no carnaval não são burras, mas não estou certa quanto ao fato de ganhar status, dinheiro e reconhecimento através de um corpo bem definido e uma boa capacidade de se “requebrar” seja a melhor mostra da inteligência feminina. Pelo contrário, isso só vem mostrar aos homens que o corpo feminino é uma das únicas vantagens reais da mulher. Ora! Homens também dançam no carnaval, também tiram fotos para revistas de teor sexual e etc. Mas, nem de longe recebem a mesma atenção que as mulheres recebem. Dessa forma, cada vez mais as gerações atuais e futuras crescem com a idéia de que a maior vantagem de se nascer mulher é o corpo. O corpo feminino é mostrado não apenas como um símbolo sexy pela mídia, mas também como forma de se ganhar reconhecimento e, consequentemente, uma visualização social que, de certa forma, não exige esforço intelectual. Muitas vezes ouvimos garotas dizendo frases do tipo: “Não preciso estudar, vou ser modelo.” O que essa garota não percebe é que está desvalorizando a si própria. Com frases como essa sendo ditas normalmente no dia-a-dia, nem podemos considerar a idealização da mulher um mal totalmente machista, afinal, na maioria das vezes quem coloca esse tipo de rótulo nas mulheres são elas mesmas. Bom mesmo seria se as garotas de hoje em dia se espelhacem mais nas grandes mulheres intelectuais que possuímos em nosso país, ao invez de tentar imitar a globeleza. De forma alguma quero dizer que faltam atributos intelectuais às mulheres que usam o seu corpo como forma de trabalho ou de algum tipo de exibição, apenas acredito que deve haver um equilíbrio. Afinal, as mulheres devem ser femininas, sim! Mas, não se deve confundir a feminilidade com a vulgaridade.

4 comentários:

  1. Parabéns Jake, td q eu sempre quis dizer!

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  2. Meus Deus! Tô emocionada! Vc leu isso?! *O*'

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  3. Pesquisei no Google imagem de vulgaridade no carnaval para ilustrar um post (meio revoltado) sobre o assunto e apareceu esta foto aí com seu post. Chamou minha atenção porque o assunto era parecido e acabei lendo... e AMANDO tudo que li.
    Parabéns, você expressou divinamente um pensamento que apesar de não ser majoritário, não é único. Dei uma fuxicada no blog e gostei muito, vou adicionar à minha lista, certamente.
    Se quiser retribuir a visita, o meu é
    loucapensandoalto.blogspot.com
    A propósito, roubei a foto do post, tá?! Mas vou deixar um link pro teu post pra galera ver de onde ela saiu...
    Paz!

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  4. Nossa, muito obrigada por ter lido. Vi vc nos seguidores e aí descobri esse comentário novo. Obrigada mesmo pela visita e o comentário. ^^
    Irei olhar seu blog tbm. =D
    Inté.

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